
"O pior de terminar uma relação com alguém de quem se gosta: achar que o mundo acabou, encarar o celibato como a única opção de vida, jurar a pés juntos que nunca mais se vai sofrer por amor, chorar baba e ranho, sentir que toda a miséria do planeta está concentrada na nossa insignificante existência e que de certezinha que não há ninguém na vida que já tenha passado pelo mesmo, é a incompreensão generalizada (...)
Há o período das lágrimas, da falta de vontade de comer, da sensação de injustiça, das perguntas dramáticas ("porque é que ninguém gosta de mim?", "O que é que eu fiz para merece isto?"), das certezas categóricas ("éramos feitos um para o outro", "se não for ele, não é mais ninguém") e das promessas imperativas ("nunca mais me vou apaixonar", "nunca mais vou sofrer por amor"). Esta fase tem uma duração indeterminada, com picos de humor. Nuns dias pensa-se que a coisa está mais do que ultrapassada, que foi melhor assim (...) há outros em que a tristeza nos acerta em cheio, tipo camião, baaam, e se volta ao choradinho de sempre e ao nó no estômago, e ás saudades, e à vontade de reconciliação, e ao sentimento kalimeriano ("devo ser mesmo uma merda para ninguém gostar de mim").
Enquanto se pensa na atitude certa a adoptar, há dois caminhos:
1. Ficar em casa, entregue à solidão, com uma caixa de Kleenex ao lado, o DVD a passar comédias românticas que enfatizam ainda mais o drama que é a nossa vida (...)
2. Ocupar todos os segundos do dia, agendar saídas de segunda a domingo, marcar fins-de-semana, ir dando sempre uma vista de olhos ao telemóvel, que isto nunca se sabe.
Depois é o regresso ao mercado, que é como quem diz, voltar a ter encontros. Dá trabalho. Não só porque as exigências são cada vez maiores, mas porque, sobretudo, também há cada vez menos gente que corresponda àquilo que se quer. E também há muito, mas muito menos pachorra (...) Voltar à estaca zero é extenuante, é como se nos enfiassem numa montra e agora vá, vende-te, explica lá mais uma vez porque é que és uma boa escolha para a vida, porque é que alguém deve pegar em ti e levar-te para casa.
Tempo. É a cura, é a solução, é a luz ao fundo do túnel. Perfeito era se uma pessoa soubesse quanto tempo. Quanto tempo até voltarem as borboletas ao estômago, até já não se ter vontade de gritar a quem nos amarfanhou a alma, até se saltar da cama com vontade, até estar pronto para partir a cara mais uma vez. Ou talvez não, que há relações de sorte."
[É mesmo assim... Esta pipoca mata-me!!]
1 nuvens:
amoriiii :) sem stresse vem aí o SW :P
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